sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Eu tenho uma vida de rei!

   Minhas sobrinhas sempre quiseram ser princesas. Culpa da Disney, minha irmã devia processá-los. Depois que elas se tornaram adolescentes, descobriram que podiam se tornar princesas casando com algum herdeiro e só o tempo as fez desistir da idéia de se tornarem princesas. Não podemos culpar a TV e o cinema por tudo, minha filha, por exemplo, nunca teve essas aspirações monarquistas, sempre quis algo bem mais ambicioso: tornar-se um mestre Pokémon.

   Mas, voltemos ao assunto “Eu Tenho Vida de rei”.
   Um rei - para os monarquistas e para todos aqueles que engoliram o argumento da importância do rei gago que ganhou Oscar - é um estandarte importante para seu povo. Mais ou menos da mesma importância da gravata para a nossa sociedade: se a gravata fosse abolida, todas as empresas do mundo faliriam, claro. Veja em que seu tornou os EUA depois que cortaram laços com o seu ex-rei: uma nação fracassada e sem perspectiva, exceto, claro, pelo Burger’s King.
   Mas o que eu queria falar é:
EU TENHO UMA VIDA DE REI
   Moro com duas mulheres e seus três filhos (sim, estatisticamente, cada mulher na minha casa tem um filho e uma metade. Violento, né? Por que o Ministério Público não tenta processar os estatísticos?).
   Adoro chegar em casa e sentir-me como um rei. Só não tenho coroa: são mulheres na casa dos vinte anos. Agradeço todos os dias por ter sido privilegiado por esta condição, quantos invejosos não estão babando agora, querendo a vida de rei que eu levo? Pelo menos uns dois ou três.
   Entretanto, cabe lembrar que a vida de rei é perigosíssima: há sempre estes invejosos querendo seu lugar e nações querendo derrubá-lo. Medo! Os reis só não são sujeitos que vivem com o cu-na-mão porque têm súditos ou lacaios dispostos a colocar a própria mão naquele lugarzinho quente.
   Se você é monarquista e está lendo esse texto, provavelmente acha que o rei é um homem especial que leva o fardo de ter de abrir mão dos próprios desejos para servir sua nação e que, frequentemente, deve abdicar das próprias vontades em sacrifício pelo reino. Neste caso, eu sou exatamente este: cheio de responsabilidades, sacrifícios e servindo aos outros em minha casa! Eu tenho uma vida de rei!
   Mas se, pelo contrário, você é anti-monarquista e, como eu, baseado no sucesso da revolução francesa, acredita que o rei é um inútil que não vale nada e que se sua cabeça fosse guilhotinada ninguém sentiria falta dela e do rei sem ela, então, necessariamente este sou eu: inútil e dispensável em minha própria casa. Eu tenho uma vida de rei!
   Por qualquer lado que se olhe, eu posso afirmar: “eu tenho uma vida de rei”. E nem sou gago e nem ganho prêmios por isto...



(meus textos para teatro e stand-up estão em: www.euquefiz.com - victor@euquefiz.com)




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